26 março 2009

Confiança do consumidor tem recorde de baixa em março

Portal Exame, 26 de Março de 2009 14:03

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Nem a forte queda na taxa de juro nem o anúncio do aumento real no salário mínimo foram suficientes para melhorar a confiança do consumidor, que em março voltou a cair abalada pelos efeitos da crise global.

Desde setembro do ano passado, quando a crise se agravou, a perda de confiança acumulada é de 13,7 por cento, informou a Fundação Getúlio Vargas (NFGV) nesta quinta-feira.

A entidade informou que seu índice de confiança caiu 0,7 por cento em março sobre fevereiro, para 94,2 pontos. É o menor patamar da série histórica iniciada em setembro de 2005.

"Neste momento de forte incerteza, a queda da Selic e o anúncio do mínimo não influenciaram no comportamento do consumidor", disse o economista da FGV Aloisio Campelo ao destacar que mais da metade da pesquisa já tinha sido feita antes da divulgação do corte na Selic de 1,5 ponto percentual neste mês.

"Acho que em abril pode ser que o consumidor assimile e sinta mais essa queda... não podemos esquecer que o consumidor também fica com orçamento mais apertado no começo de cada ano com gastos com IPTU, IPVA e mensalidades (escolares)."

O economista já enxerga a possibilidade de melhora no humor do consumidor nos próximos meses. Campelo destaca que o indíce de expectativas, o mais relevante da pesquisa, parou de cair. Além disso, ele ressaltou que a queda de março foi em ritmo inferior à de fevereiro (1,2 por cento).

"Parece que a queda está perdendo força... acho que o índice pode voltar a subir ainda nesse primeiro semestre. As expectativas já chegaram ao fundo do poço e por 3 meses andam de lado. A vida real pode melhorar com juros menores."

BENS DURÁVEIS

Segundo Campelo, a desconfiança do consumidor se manifestou no indicador de intenção de compras de bens duráveis nos próximos 6 meses. A queda de 2,1 por cento levou o índice para o menor nível da série histórica da FGV.

Apenas 6,7 por cento disseram que pretendem ampliar os gastos com duráveis nos próximos seis meses ao passo que 40,1 por cento pretendem reduzir as compras.

"A incerteza é muito grande... A economia está desacelerando, as previsões são refeitas a todo momento e os bancos ainda não retomaram suas linhas. Nesse ambiente, o consumidor não se sente à vontade para gastar", destacou.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier; Edição de Vanessa Stelzer)

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