10 setembro 2009

Quando os "nãos" são trampolins para o sucesso

Sabe quando alguém assume que quer seguir uma carreira e ninguém acredita ou aposta? Pelo contrário, desestimula e diz que aquilo não tem nada a ver com a pessoa? Às vezes, acontece no próprio ambiente da família, ás vezes, entre amigos, colegas, às vezes são as portas do mercado que se fecham. Nossa reportagem ouviu duas histórias – uma de um músico erudito que, aos 15 anos, foi absolutamente desencorajado por uma banca examinadora a seguir carreira, e outra de um homem que foi tão recusado nas empresas em busca do sonho da carteira assinada que acabou virando empresário. Confira a seguir:


Hostilizado no primeiro teste, ele superou os músicos que o julgaram


Hoje, Rubens De Donno, 41, é músico conceituado, contrabaixista pela Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, spalla (nome dado ao 1º contrabaixo) na Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e professor pela Universidade Livre de Música Tom Jobim. Quem diria que, quando começou, aos 15 anos, foi tão desencorajado que chegou a ficar traumatizado. Mas o importante é que a falta de estímulo não o deteve e ele pôde provar para muita gente que estava certo, embora fosse muito novinho, quando tomou a decisão de tocar contrabaixo e seguir carreira na música erudita.

A primeira desmotivação Rubens sofreu quando foi fazer o teste de contrabaixo para entrar na Escola Municipal de Música de São Paulo. E, vejam só, ele foi julgado por causa da estatura. Não que fosse baixinho. Afinal, 1,64m para um adolescente de 15 anos está de bom tamanho. Mas a banca examinadora que o viu tocando achou que era pouca altura para muito instrumento e, em tom de hostilidade, o aconselhou a desistir do contrabaixo. “Aquilo me magoou tanto...Disseram para eu esquecer o instrumento e me dedicar à teoria musical. Lembro que, muito triste, fiz um desenho que era um quadrinho com um anão tocando contrabaixo”, comenta ele.

Rubens lembra que, com o apoio do pai, conseguiu comprar um arco e ter um contrabaixo emprestado. Foi assim que começou a realizar o seu sonho de menino, mas não sem enfrentar muitos outros “nãos”.

No começo dos anos 90, já cursando música erudita na Escola de Comunicação e Artes da USP, Rubens foi recusado na seleção de uma orquestra. O mundo dá voltas e, em 1998, o músico foi convidado para ser chefe dos músicos que o reprovaram.

Embora tenha vivido diversos percalços, Rubens acredita que todos o ajudaram. “O segredo para manter a disposição e enfrentar problemas na carreira é olhar os erros como oportunidades para novas chances”, ensina. “Fiquei com raiva quando não passei nesse teste da orquestra, mas hoje vejo que não estava tão bem preparado. Não adianta ficar culpando os outros. Você tem de vê-los como a alavanca para o sucesso.”

Recusado nas empresas, ele virou empresário!

Trabalhar numa multinacional com carteira registrada, estabilidade financeira, benefícios e participar das festas de fim de ano da empresa. Este era o sonho de Reginaldo Farias Santos, 51 anos, fundador da Metax – empresa de construção civil com sede em Campinas (SP) e que emprega 340 funcionários. “Como todo filho de metalúrgico, tinha o sonho de ser um. O pai brasileiro forma filhos para serem empregados, jamais para empreenderem um negócio próprio”, diz Reginaldo. Foi assim que, dos 17 aos 22 anos, ele passou, sem ser aprovado, por vários processos seletivos.

“Na época, não tinha uma formação técnica e quase sempre era chamado para ser mais um candidato num processo de cartas marcadas, para preencher lacuna”, continua ele. “Em busca de uma chance na carreira administrativa de uma companhia internacional, trabalhava em subempregos como office boy e entregava boletos de pagamento de cartão de crédito. Algumas vezes, marcava entrevista de emprego e, chegando lá, não era recebido.”

Já na faculdade, fazendo um curso de soldagem, ele começou a se virar como vendedor, mas admite que sentia vergonha da profissão. “Para mim era sinônimo de que não tinha uma formação específica”, lembra.

A guinada aconteceu quando Reginaldo abandonou a faculdade. Era vendedor de materiais de construção e equipamentos, mas ainda perseguia o sonho de “uma vida mais segura”. No terceiro semestre de curso, conheceu um colega de sala que trabalhava numa multinacional. Nessa época, já estava casado, com 22 anos e morando num apartamento no bairro de Pinheiros, em São Paulo. “Esse cara estufou o peito para me contar que ganhava, acho que 90 cruzados, na época. E eu, que achava humilhante ser vendedor e sonhava com a multinacional, já ganhava cerca de 450. Esse fator financeiro me fez refletir sobre o futuro e, a partir desse dia, perdi a vergonha e fui investir no meu trabalho. Fazia meu horário, sem pressão de ninguém.”

Ainda assim, Reginaldo entrou numa grande dúvida entre virar assalariado ou empresário, um pouco antes de fundar a Metax, em 1983. “A crise no Brasil estava feia e fui convidado a ser supervisor de vendas numa fabricante de tintas”, conta. “Quase desisti de abrir a empresa e aceitei o emprego.” Ele só desistiu da ideia depois de um amigo convencê-lo de que ele não dominava o ramo específico, mas sim o da construção civil. “Era difícil, assim como todo brasileiro, fui educado para ser assalariado.”

Na época, Reginaldo pesquisou e descobriu que havia um nicho de mercado na cidade de Campinas. “Não existia nenhuma empresa na área, houve duas que faliram por incompetência antes da fundação da Metax.” Ele se mudou para lá, arregaçou a manga e começou a tocar o próprio negócio. Hoje, a empresa conta com duas filiais, uma em Osasco e outra em Ribeirão Preto. Atua em produção, locação e venda de andaimes, escoramentos e elevadores. “Procuramos sempre investir na formação dos funcionários e quero oferecer a eles tudo o que uma multinacional é capaz de dar, incluindo as festas de fim de ano da firma (risos).”

Os quatro filhos de do empresário também são incentivados pelo pai a abrirem o próprio negócio, independentemente da área de formação. Uma filha, recém-formada em cinema, já abriu uma produtora. “Ainda tenho mais dois filhos estudando no exterior, sendo que um deles já tem negócios aqui e uma outra filha com 16 anos que está no colégio.” Se depender do estímulo do pai, novas empresas estão a caminho!

Fonte:
http://www.canalrh.com

05 setembro 2009

Tendências e Bastidores do Mundo Corporativo



Sim, é verdade, os empregadores estão mais exigentes na hora de contratar. Isso vem sendo dito pelos executivos que entrevistam candidatos a uma vaga de emprego desde que a crise ficou mais branda por aqui, nos últimos meses. Durante esta semana eu sondei alguns executivos de RH de grandes empresas para saber da percepção deles sobre o assunto. Veja o que me disseram três deles:

Jaime Jose Vergani, Diretor de Suprimentos, Administração e de Finanças da Randon, fabricante de carrocerias de caminhões de Caxias do Sul (RS):
“O que observamos com a chegada da crise é que os candidatos tem-se apresentado com uma escolaridade e qualificação maior, muitas vezes, do que as exigências do perfil da vaga, tornando o processo seletivo mais competitivo.”

Monica Longo, executiva de RH da Nívea, empresa de cosméticos com escritório em São Paulo:
“Eu diria que de certa forma sim. Todos estão administrando custos de forma mais cautelosa e ninguém quer se arriscar com uma contratação indevida. Literalmente não podemos errar e se antes alguns pontos de dúvida não impediam uma contratação, agora qualquer incerteza com relação à adequação de um candidato à empresa ou a uma posição é suficiente para não irmos adiante com um candidato.”

Fabiana Cymrot, gerente de RH da Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa com sede administrativa em São Paulo:
“Sim. O número de vagas, de modo geral, foi reduzido, e as empresas cada vez mais buscam profissionais multitarefas. Hoje, não basta selecionar um candidato tendo em vista unicamente um cargo. As empresas que genuinamente se preocupam com a carreira e o desenvolvimento dos seus funcionários tendem a contratar pessoas que possam exercer mais de uma atividade, de modo a garantir mobilidade e empregabilidade dentro da própria empresa.”