15 junho 2009

Elas no topo

Agora mais do que nunca a mulher se torna destaque no mundo corporativo!

Mulheres aumentam a presença em profissões antes masculinas e ganham espaço no alto da pirâmide corporativa

Por ÉRICA POLO

Nos últimos 30 anos, o número de mulheres engenheiras dobrou. O de administradoras idem. Os dados são de uma pesquisa recém-concluída pelo Insper (antigo Ibmec São Paulo), que aponta quais carreiras tradicionalmente masculinas mais despertaram a atenção delas nas últimas três décadas. Engenharia, administração, economia, advocacia e medicina foram as carreiras que mais atraíram a força de trabalho feminina, o que se reflete nos melhores cargos ocupados por elas no topo de organizações que atuam nesses segmentos. “As empresas perceberam que poderiam melhorar promovendo as mulheres em suas estruturas”, diz a professora Regina Madalozzo, autora do estudo. Entre os profissionais que se declararam engenheiros, segundo as informações do IBGE no período pesquisado pelo Insper, as mulheres subiram de 4,5% para 10%, por exemplo. Considerando os administradores, o número subiu de 17% para 33%.

A CNEC Engenharia, empresa de projetos do Grupo Camargo Corrêa, viu aumentar a participação feminina em postos de chefia em 123% entre 2005 e 2008. A área, tradicionalmente masculina, mudou com o interesse das profissionais e hoje 29% dos 94 dos cargos de liderança da CNEC são ocupados por mulheres. “A partir da década de 90 a presença feminina se fortaleceu na empresa e a diretoria foi reconhecendo o talento de quem se destacava”, diz Maria Tereza de Campos, superintendente de projetos de infra-estrutura da CNEC Engenharia, do Grupo Camargo Corrêa, a única no quadro de diretores.

Formada em ciência da computação, área que há bem pouco tempo era majoritariamente masculina, Luciana Pailo, de 35 anos, assumiu o cargo de vice-presidente de redes da Ericsson Brasil em fevereiro. “A mulher que opta por carreiras em que há maior presença masculina chega ao mercado escolada, porque transita em ambiente desse tipo desde a faculdade”, diz. Na Ericsson, a ocupação dos postos de liderança saltou de 12%, em 2007, para 20% neste ano. Das 14 posições de alta diretoria, três são ocupadas por mulheres, incluindo a presidência.

Na mineradora Anglo American, que tem a americana Cynthia Carroll como presidente mundial, contratar mulheres ganhou força por causa de uma característica vital ao trabalho da companhia. “O cuidado com o outro, um ponto forte delas, e a segurança e a integridade física são chaves para a nossa indústria”, diz Cristina Isola, gerente de recursos humanos da mineradora. Essa característica tem levado gestores da empresa que antes não queriam contratar mulheres a pedir exatamente alguém do sexo feminino para diversas vagas. Agora, as profissionais preenchem 28% dos cargos executivos, principalmente nas áreas de produção e supply chain. Há dois anos a engenheira de minas Adelita Quenet, de 27 anos, coordena o departamento de preparação de cargas da unidade de Niquelândia (GO). Na equipe de cem pessoas, há apenas mais uma mulher. “Trabalho diretamente com cinco supervisores que têm filhos da minha idade e tenho o respeito e o feedback deles”, diz Adelita.

CONSUMO

Há uma outra questão ligada à ascensão das mulheres em empresas que eram predominantemente masculinas, que tem a ver com o status que elas alcançaram na cadeia de consumo. “As mulheres estão tomando mais decisões de consumo e há também uma lógica de mercado no estímulo à contratação de mulheres nas empresas”, diz Carlos Magni, diretor de recursos humanos da Renault do Brasil. A companhia tem hoje as diretorias de produto e de logística de peças de pós-venda, além da área de comunicação, sob o comando feminino. Das 120 posições de liderança, somado o nível gerencial, 14% são de mulheres.

A construtora Fiorese Fernandes, de São Paulo, só contrata engenheiras. O motivo principal é a percepção aos detalhes do acabamento das obras. “Nossa taxa de retorno praticamente inexiste porque elas não deixam sequer um pedacinho do rodapé faltando”, diz Caetano Fiorese, sócio da empresa. Ou seja, a mulher que coordena a obra tem o mesmo olho clínico da que vai comprar o imóvel. Assim, o sucesso é maior com o público.

Apesar do peso maior no poder de compra, os salários ainda são menores. Em 1978, as mulheres ganhavam em média 33% menos do que os homens. Hoje, a diferença caiu para 16%. “Pela óptica das empresas, há um risco embutido na contratação. Não se trata somente de discriminação, mas da análise sobre quem vai ser mais produtivo, o homem ou a mulher”, diz Regina Madalozzo.
Em 1978 as mulheres ganhavam 33% menos do que os homens. Hoje essa diferença caiu para 16%.

Um comentário:

  1. A mulherada esta arrasando cada vez mais... sem sombra de dúvida, elas são as líderes e gestores do novo mundo!

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