11 maio 2009

Tendências e bastidores do mundo corporativo

Meses atrás a revista inglesa Economist trazia uma matéria que levantava a seguinte pergunta: “Deus é brasileiro?”. A reportagem mostrava que o Brasil vinha enfrentando a crise com solavancos menores do que os percebidos pelas maiores economias do mundo. A maior solidez do sistema financeiro nacional, os programas sociais do governo e o baixo nível de alavancagem das companhias nacionais, davam ao país maiores condições de passar pela crise sem grandes sobressaltos, apontava a reportagem da Economist.

Por conta desses fatores o mercado de trabalho brasileiro tem sentido menos os efeitos da crise internacional. Para o mercado de trabalho brazuca, o mês de abril foi morno. Segundo o levantamento da consultoria Ricardo Xavier, que tem sede em São Paulo e escritórios em todo país, foram criadas em abril 2.029 novas oportunidades de emprego qualificado, o que equivale a um declínio de 16,5% na oferta de vagas ante março, mês em que surgiram 2.430 novos postos de trabalho.

O presidente da consultoria Hélio Terra ressalta que, na indústria, por exemplo, muitas empresas que haviam dado férias coletivas nos últimos meses já retomaram as atividades. Além disso, o País tornou-se referência de competitividade na indústria automobilística e deve exportar cada vez mais executivos para comandar fábricas no exterior. Prova disso é que as unidades brasileiras da General Motors já começaram a contribuir com mão-de-obra de engenharia e design como parte do plano de reestruturação da companhia nos Estados Unidos.

No exterior a situação é diferente. Na Europa, os bancos que tinham problemas mesmo antes da crise, agora estão demitindo: Barclays, Royal Bank of Scotland, Fortis, UBS. Os que restavam crescendo antes da crise – Santander e Rabobank, por exemplo, suspenderam os planos de expansão, mas não encolheram. Pretendem retomar o crescimento e ganhar mercado dos que estão mal, no segundo semestre.

A construção civil na Espanha tem problemas, porque havia crescido rápido demais até 2008. O exagero de antes provoca agora a necessidade de encolher para retomar o equilíbrio.Outros setores estão crescendo: o turismo na Holanda se beneficia pelo fato de que as pessoas pretendem viajar menos, mas vão tirar férias por perto. Ao invés de voar para o Brasil ou para a Ásia, vão ficar no próprio país ou em países próximos. O turismo na Turquia deve subir no mínimo 7% em relação a 2008, pois é um destino mais barato do que a França e a Itália.

Há previsões de que o Produto Interno Bruto da Europa vai encolher 4% em 2009. Isso já é melhor do que o encolhimento de 6% previsto para os Estados Unidos. Se o Brasil encolher até 3%, estará se saindo melhor do que todos.

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